HABERMAS,
Jürgen. A consciência de tempo da modernidade e sua necessidade de
autocertificação. In. _____. O Discurso Filosófico da Modernidade: doze
lições. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
Habermas é um adepto convicto do
projeto da Modernidade e um adversário da Pós-modernidade, tanto em seu aspecto
político como também estético. No primeiro capítulo do seu livro Discurso
Filosófico da Modernidade, Habermas aborda o processo de consolidação
filosófica da Modernidade.
Max Weber relaciona modernidade
com o racionalismo ocidental, sendo racional a cultura profana e o
desenvolvimento de sociedades modernas. A cristalização da empresa capitalista
e da burocracia estatal produz a racionalização que modifica os modos de vida.
A teoria da modernidade abstrai o conceito weberiano de modernidade e
desvincula-se da racionalidade. A expressão “pós-moderno” foi desenvolvida nos
anos 50 e 60, no entanto os processos de modernização prosseguem longe do
observador pós-moderno. A pós-modernidade apresenta-se em duas teses distintas:
neoconservadora e anarquista.
Habermas adverte que se deve
analisar a obra de Hegel para entender a relação entre modernidade e
racionalidade e julgar a legitimidade de outras premissas. A modernidade, a
emergência do conceito de “nova era” e temps moderns por volta de 1800,
envolveu uma nova consciência de tempo e a criação de uma mentalidade, baseada
nos eventos revolucionários tais como Renascença, Reforma e descoberta do novo
mundo. Esse lançamento para o mundo na época moderna começou um deslocamento do
estético padrão da antiguidade e encontra sua sumarização na subjetividade, o
direito à crítica, autonomia de ação e filosofia idealística. Para Baudelaire,
a experiência estética confundia-se, nesse momento, com a experiência histórica
da modernidade.
Hegel foi o primeiro a
problematizar filosoficamente o desligamento da modernidade do passado e a
considerar o movimento da história como a realização da idéia de autoconsciência.
De forma geral, Hegel vê como característica dos tempos modernos a auto-relação
que ele denomina subjetividade por meio da liberdade e da reflexão. As suas
concepções da subjetividade são individualismo, direito de crítica, autonomia
de ação e filosofia idealista. Na modernidade, a vida religiosa, o Estado, a
sociedade, a ciência, a moral e a arte transformam-se igualmente em
personificações do princípio da subjetividade. A esfera do saber se isola da
esfera da fé e as relações sociais organizam juridicamente o convívio
cotidiano, isso compreenderá o princípio da modernidade.
O entendimento da filosofia de
Kant como auto-interpretação só é possível por meio da visão de Hegel. Kant não
considera como cisões as diferenciações no interior da razão e consequentemente
ignora a necessidade que se manifesta com as separações impostas pelo princípio
da subjetividade. Para Hegel, a razão deve superar as cisões da subjetividade.
Por meio de sua critica a Kant e Fichte, Hegel busca a autocompreensão da
modernidade que neles exprime.
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