quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Resenha - A consciência de tempo da modernidade e sua necessidade de autocertificação.


HABERMAS, Jürgen. A consciência de tempo da modernidade e sua necessidade de autocertificação. In. _____. O Discurso Filosófico da Modernidade: doze lições. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

Habermas é um adepto convicto do projeto da Modernidade e um adversário da Pós-modernidade, tanto em seu aspecto político como também estético. No primeiro capítulo do seu livro Discurso Filosófico da Modernidade, Habermas aborda o processo de consolidação filosófica da Modernidade.

Max Weber relaciona modernidade com o racionalismo ocidental, sendo racional a cultura profana e o desenvolvimento de sociedades modernas. A cristalização da empresa capitalista e da burocracia estatal produz a racionalização que modifica os modos de vida. A teoria da modernidade abstrai o conceito weberiano de modernidade e desvincula-se da racionalidade. A expressão “pós-moderno” foi desenvolvida nos anos 50 e 60, no entanto os processos de modernização prosseguem longe do observador pós-moderno. A pós-modernidade apresenta-se em duas teses distintas: neoconservadora e anarquista.

Habermas adverte que se deve analisar a obra de Hegel para entender a relação entre modernidade e racionalidade e julgar a legitimidade de outras premissas. A modernidade, a emergência do conceito de “nova era” e temps moderns por volta de 1800, envolveu uma nova consciência de tempo e a criação de uma mentalidade, baseada nos eventos revolucionários tais como Renascença, Reforma e descoberta do novo mundo. Esse lançamento para o mundo na época moderna começou um deslocamento do estético padrão da antiguidade e encontra sua sumarização na subjetividade, o direito à crítica, autonomia de ação e filosofia idealística. Para Baudelaire, a experiência estética confundia-se, nesse momento, com a experiência histórica da modernidade.

Hegel foi o primeiro a problematizar filosoficamente o desligamento da modernidade do passado e a considerar o movimento da história como a realização da idéia de autoconsciência. De forma geral, Hegel vê como característica dos tempos modernos a auto-relação que ele denomina subjetividade por meio da liberdade e da reflexão. As suas concepções da subjetividade são individualismo, direito de crítica, autonomia de ação e filosofia idealista. Na modernidade, a vida religiosa, o Estado, a sociedade, a ciência, a moral e a arte transformam-se igualmente em personificações do princípio da subjetividade. A esfera do saber se isola da esfera da fé e as relações sociais organizam juridicamente o convívio cotidiano, isso compreenderá o princípio da modernidade.

O entendimento da filosofia de Kant como auto-interpretação só é possível por meio da visão de Hegel. Kant não considera como cisões as diferenciações no interior da razão e consequentemente ignora a necessidade que se manifesta com as separações impostas pelo princípio da subjetividade. Para Hegel, a razão deve superar as cisões da subjetividade. Por meio de sua critica a Kant e Fichte, Hegel busca a autocompreensão da modernidade que neles exprime.

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