GIDDENS,
Anthony. As conseqüências da modernidade. São Paulo: Editora UNESP,
1991.
Capítulo
I – Introdução
Modernidade refere-se ao estilo de
vida ou organização social que emergiu na Europa a partir do século XVII e que se
tornando mundial em sua influência. Mas, esse conceito é restrito no tempo e no
espaço. No final do século XX, aponta-se para um novo sistema social no qual os
desafios vão para além da modernidade, a pós-modernidade, que se caracteriza pela
pluralidade do conhecimento, sem a primazia da ciência. No entanto, antes de se
criar novos termos, é prudente fazer uma análise da natureza da modernidade, a
qual tem sido pouco abrangida pelas ciências sociais.
A análise de Giddens tem seu
ponto de origem na interpretação "descontinuísta" do desenvolvimento
social moderno. Os modos de vida da modernidade não têm precedentes, as rápidas
mudanças nos últimos séculos são de forte impacto. A narrativa evolucionária
ajuda a elucidar a tarefa de analisar a modernidade e muda o foco de parte do
debate pós-moderno. As características das descontinuidades que levaram a
modernidade são ritmo de mudança, escopo da mudança e natureza intrínseca das
instituições modernas.
No debate da modernidade, as
contraposições da segurança versus perigo e da confiança versus risco é
um fenômeno de dois gumes. Se, por um lado, a segurança na modernidade é maior
que no período anterior, por outro, foi uma era turbulenta que gerou trabalho
industrial moderno, totalitarismo e desenvolveu o poder militar. Há três concepções que inibem uma análise satisfatória das
instituições modernas: diagnóstico institucional da modernidade (o capitalismo
para Marx, posição critica por Durkheim e Weber),
a análise da “sociedade” e as conexões entre conhecimento sociológico e as
características da modernidade. A
compreensão da modernidade deve contemplar seu extremo dinamismo, caráter
globalizante das instituições modernas e compreender as descontinuidades das
culturas tradicionais.
A separação entre tempo e espaço
é importante na modernidade como condição do processo de desencaixe (aumento da
distância entre o espaço e o tempo); por proporcionar engrenagens para o traço
distintivo da vida social moderna, a organização racionalizada; e na formação
de uma estrutura histórico-mundial. O desenvolvimento de mecanismos de
desencaixe retira a atividade social dos contextos localizados, reorganizando
as relações sociais através de grandes distâncias tempo-espaciais. Há dois
tipos de mecanismos de desencaixe nas instituições sociais modernas: as fichas
simbólicas (p. ex. o dinheiro) e os sistemas peritos. Esses mecanismos dependem
da confiança que implica em um estado contínuo da ação dos indivíduos, sendo um
tipo específico de crença.
Na modernidade, a reflexividade é
introduzida na base da reprodução do sistema, de forma que o pensamento e a ação
se relacionam entre si. As práticas sociais são examinadas e reformuladas a
partir da informação auto-revelada conduzindo à sua alteração. O conhecimento,
em ciências naturais e sociais, não é mais saber, o que é o certo. A
reflexividade abrange as ciências naturais, a economia e a vida social moderna
(estatísticas oficiais). A reflexividade da modernidade, que está diretamente
envolvida com a contínua geração de autoconhecimento sistemático, não
estabiliza a relação entre conhecimento perito e conhecimento aplicado em ações
leigas. O conhecimento reivindicado por observadores peritos reúne-se a seu
objeto, deste modo alterando-o.
A pós-modernidade significa que a
trajetória do desenvolvimento social se afasta das instituições da modernidade
em direção uma nova ordem social. O pós-modernismo, se é que ele existe de
forma válida, pode exprimir uma consciência de tal transição.
Capítulo 2 - As Dimensões
Institucionais da Modernidade
A sociedade capitalista conta com
características institucionais específicas: competitividade, expansionismo, isolamento
de outros setores sociais, propriedade privada dos meios de produção, autonomia
do estado que é condicionada pela acumulação do capital. A sociedade
capitalista está circunscrita ao estado-nação, que é interpretado pelo controle
que ele consegue sobre territórios delimitados.
As quatro dimensões
institucionais básicas da modernidade são o capitalismo (acumulação do capital
no contexto de trabalho e mercados de produtos competitivos), industrialismo
(transformação da natureza), poder militar (controle dos meios de violência no
contexto da industrialização e da guerra) e vigência (controle da informação e
supervisão social). A força de trabalho constitui um ponto de conexão entre
capitalismo, industrialismo e a natureza do controle dos meios de violência. O
capitalismo aliado ao sistema de estado-nação foram os elementos institucionais
promovem a aceleração e a expansão das instituições modernas. A separação da
modernidade das ordens tradicionais se acelerou e intensificou graças às
dimensões institucionais da modernidade.
A modernidade é inerentemente
globalizante, esse processo de alongamento ocorre por conexão entre diferentes
regiões ou contextos sociais se enredaram envolvendo todo planeta. A
globalização promove a transformação local por meio de conexões sociais através
do tempo e do espaço. As discussões da globalização tendem a aparecer em dois
corpos de literatura: a das relações internacionais e a teoria do "sistema
mundial" associada a Immanuel Wallerstein. Para os teóricos das relações
internacionais os estados-nação são atores, envolvem-se na arena internacional
em conjunto com organizações transnacionais.
Muito bom o resumo!!!
ResponderExcluirMuito obrigado pelo resumo, me ajudou a compreender melhor a obra. Um abraço!
ResponderExcluirMuito bom mesmo!
ResponderExcluir