BRAUN, Herbet. Honra, amnésia, maldade e reconciliação na
Colômbia. In. AGGIO, Alberto ; LAHUERTA, Milton (Orgs.). Pensar o século XX: problemas políticos e história nacional
na América Latina. São Paulo: Ed. Unesp, 2003. p. 259-290
Em 1999 iniciou-se uma tentativa
de reconciliação do governo da Colômbia com os movimentos guerrilheiros. O
principal deles é as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) liderada
por Tirifijo, embora seu discurso e ideias sejam pouco conhecidos sua ação são
bem evidentes. Sua atuação começou na década de 1940 em apoio ao minoritário
partido Conservador que ganhou as eleições, iniciou-se aí um período chamado de
la vilência no qual os vitoriosos mobilizavam setores rurais que
atacavam as cidades. Por outro lado, os liberais, que foram vencidos, reagiram
dividindo o país. Até que em 1953, o poder foi entregue a uma junta militar
começando conversações para diminuir a discórdia e a luta nas cidades, no
entanto, o campo continuava violento por motivos não só políticos, mas também
por crimes comuns. Em 1958 acordou-se que a presidência seria alternada entre
os dois partidos, entretanto, o campo permaneceu marginalizado. Os movimentos
guerrilheiros campesinos se aliaram as ideologias comunistas, próprias da
Guerra Fria, e praticavam o banditismo como parte da causa política. Em 1968 o governo permitiu que as pessoas de
armassem em defesa própria ou de sua propriedade o que fez com que organizassem
grupos armados o que deu origem a grupos de justiça privada sendo os mais
poderosos as Autodefensas Unidas da Colômbia (AUC). A violência no campo colombiano tem sido uma
combinação entre violência pública e privada.
Os conflitos colombianos não são propriamente uma guerra e sim disputa
entre guerrilheiros, autodefensas polícia, exercito e narcotraficantes. Como a resolução militar dos conflitos não
gerariam legitimidade a parte vencedora o presidente Pastrana e Tirofijo
buscaram negociações. Com isso o
presidente entregou parte do território às FARC. Por outro lado, o presidente
Pastrana buscou apoio dos Estados Unidos ao problema o que fez ressurgir a
crise devido a fatores históricos. O governo de Pastrana teve problemas: acusação
de corrupção, baixa popularidade e a crise econômica. O conflito chegava às
cidades e o exercito era pouco eficiente. Não se sabe como reverter essa
situação. Embora haja vontade de diálogo não se tem conseguido levar calma ao
campo. Há vinte anos tenta-se o diálogo entre políticos e guerrilheiros,
entretanto, a diferenças culturais e índole pessoal são nítidos. A necessidade
de fortalecer as instituições civis e governamentais para que essas tenham
legitimidade e poder. A guerrilha não
necessita de conversações embora isso possa lhes trazer tratamento digno. Mais
da metade da população considera que a intervenção norte-americana é o único
caminho para o fim dos conflitos. O mais difícil desse processo é o acerto de
contas com o passado.
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