TILLY, Charles. Coerção, capital
e Estados europeus 990-1992. São Paulo: EdUSP, 1996. Cap. 1 e 3.
Na definição de Tilly os Estados são organizações que aplicam
coerção em famílias e outras organizações, esse conceito abrange
cidades-estado, impérios, teocracias e outras formas de governo. Ao longo da
história, poucos foram os Estados-nação.
Após a Segunda Guerra Mundial toda a superfície da terra passou a ser
ocupado por Estados que se reconhecem mutuamente. As populações que não formam Estados distintos
e os blocos de Estados são movimentos contrários a essa situação.
Os Estados foram sistemas à medida que interagem entre si e que a
sua interação afeta significativamente o destino de cada parceiro. Os Estados sempre se desenvolvem a partir da
luta pelo controle de território e população, portanto aparecem invariavelmente
em aglomerados e costumam formar sistemas.
A explicação para a grande variação temporal e espacial dos tipos de
estado na Europa depois de 990 d. C. está nas mudanças econômicas e nos fatores
externos ao Estado.
A maioria dos estudiosos da formação do Estado adotou uma perspectiva
estatística, que considera a transformação de qualquer estado particular como o
resultado de eventos não econômicos dentro de seu próprio território. Já na
perspectiva geopolítica, o sistema internacional é o grande formador do Estado
em seu próprio território. As análises
do Estado pelo modo de produção, por sua vez, seguem a lógica da organização da
produção na qual o Estado está envolvido na geração e distribuição de
mais-valia quando procura manter seu poder e riqueza. Outra visão caracteriza a formação do Estado
na economia do globo. No entanto,
nenhuma dessas linhas propicia um conjunto satisfatório de respostas à formação
dos Estados europeus.
No argumento de Tilly a história diz respeito ao capital e à coerção. Os
Estados refletem a organização da coerção e também mostram os efeitos do
capital, essa combinação produz tipos distintos de Estado.
A guerra induz a formação e transformação do Estado. A extração e a luta
pelos meios de guerra criaram as estruturas organizacionais centrais dos
Estados. As formas de organização dos Estados variaram da entre coerção e capital,
de modo que, os Estados seguiram claramente trajetórias diferentes. Com o
passar do tempo, a guerra e a preparação para a guerra produziam os principais
componentes dos Estados europeus. Os Estados que perderam guerras comumente se
contraíram, e muitas vezes deixaram de existir. Antes de sua recente
convergência, as trajetórias de imensa aplicação de coerção, de grande inversão
de capital e de coerção capitalista conduziram a tipos muito diferentes de
Estado.
O modelo de Estado conta com os seguintes elementos: um governante
(tomador de decisão), uma classe dirigente (controle dos meios de produção do
território); opositores, inimigos rivais do Estado; o restante da população,
aparelho coercivo e o aparelho civil. Os
mecanismos pelos quais os governantes adquiriram os meios de executar as suas
atividades essenciais – sobretudo a criação da força armada – e o envolvimento
desses mecanismos na estrutura do Estado são vistas nas principais mudanças da
guerra, na estrutura política e na luta doméstica.
A criação de forças armadas por um governante gerou uma estrutura de
Estado duradoura. A guerra impulsionou
os Estados, mas não exauriu a sua atividade. Ao contrário, com os preparativos
para a guerra, os governantes deram início, de uma forma ou de outra, a
atividades e organizações que acabaram por adquirir vida própria, tais como:
tribunais, tesouros, sistemas de tributação, administrações regionais,
assembleias públicas e muitos outros. A guerra teceu a rede europeia de Estados
nacionais, e a preparação da guerra criou as estruturas dos Estados situados
dentro dessa rede.
Com uma nação em armas, o poder de extração do Estado cresceu
enormemente, como também aumentaram as reivindicações dos cidadãos ao seu
Estado. Embora um chamado para defender a pátria mãe tenha estimulado um apoio
extraordinário aos esforços de guerra, a dependência da conscrição em massa, da
tributação confiscatória e da conversão da produção para as finalidades da
guerra tornou todo Estado vulnerável à residência popular e responsável pelas
reivindicações populares, como nunca ocorrera antes.
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