TOKATLIAN, Juan Gabriel.
Colômbia: mais insegurança humana, menos segurança regional. Contexto Internacional, v. 24, n.1, p.
129-166, jan./jul. 2002. Disponível em:
.
Acesso em: 28 set. 2007.
Resumo:
A região
andina atravessa um momento de crise política que leva a instabilidade da
região. A região concentra o negócio das
drogas, tem altos índices de corrupção, degradação ambiental, desemprego, baixa
qualidade de vida e forte concentração de renda. Os militares têm forte
influência na política. A Comunidade
Andina de Nações (CAN) está retraída e há um alinhamento maior com os Estrados
Unidos. A tendência é o aumento nos conflitos sociais.
Pode-se
analisar o problema da Colômbia sob dois aspectos: a partir do Estado e da
própria guerra. O colapso do Estado
Colombiano dos anos 40 e 50 leva a emergir forças na década de 70 que se
consolidam no início do Séc. XXI. No
Estado de colapso há implosão das estruturas de autoridade e legitimidade. A Colômbia devido a fatores internos e
externos caminha em direção ao colapso.
Embora a Colômbia não tenha um Estado anárquico (ausência de governo
central) está se direcionando a ser um Estado fracassado. O que existe na Colômbia são grupos
clandestinos que podem conduzir uma nova autoridade. Nesse contexto, pode
ocorrer é o fracasso do Estado de Direito em que não há alternativa para o
estabelecimento da ordem. A ampliação
dos conflitos já existentes que alargaram a sua dimensão política e passaram a
ter uma questão criminal e se alarga por todo país. A guerra na Colômbia está ganhando dimensão
internacional com o envolvimento dos Estados Unidos. Os números da guerra são alarmantes e os não
combatentes são os mais prejudicados.
Os fatores
geopolíticos da Colômbia fazem com que a ajuda dos Estados Unidos seja
crescente. Por outro lado, países
limítrofes criam planos contingenciais para atuação dos Estados Unidos. O novo intervencionismo na Colômbia pode
adotar três formas: intervenção por imposição; intervenção por deserção; e
intervenção por convite. Dessas formas
as forças dirigidas pelos Estados Unidos buscam evitar uma implosão nacional.
O Componente A
do Plano Colômbia é interno, visa a fortalecer o Estado. O Plano B é ajuda dos Estados Unidos em
recursos financeiros às forças armadas para que essas ocupem o espaço e
equilibrem o poder da guerrilha, apesar disso a violência só cresce. O Plano C
é o aporte europeu a paz que não foi respondido devido a visão européia de
respeito aos direitos humanos e a paz dialogada.
O conflito
armado na Colômbia tem uma dimensão internacional, enquanto os resultados são
locais. Para a solução faz-se necessário
um novo “Acordo de Contadora” que conte com apoio diplomático da América do Sul
e uma solução negociada. Bill Cliton
situou o problema colombiano como tendo efeito para segurança dos Estados
Unidos, em sua viagem a Colômbia demonstrou a preferência pelo unilateralismo e
busca criar um “Cordão sanitário” ao redor da Colômbia. Os países reforçam suas fronteiras com a
Colômbia com apoio norte-americano ou não. A intervenção norte-americana não
está no horizonte imediato.
A
administração Bush vê a situação da Colômbia em alerta. Várias são as posições da alta cúpula do
governo sobre a questão, mas todas elas são permeadas pela lógica da Guerra
Fria, posições de direita e postura firme de primazia econômica, supremacia
militar e unilateralidade dos Estados Unidos. O governo Bush em relação aos
problemas da Colômbia busca cooptar os aliados dos Estados Unidos como Panamá,
Equador e Bolívia, combater os ambíguos como o Peru e pressionar Brasil e
Venezuela que são reticentes a estratégia norte-americana de combate ao
narcotráfico e a insurgência, visando a criação de um circulo de contenção no entorno
da Colômbia.
A política de
Bush mescla o combate ao narcotráfico com terrorismo e guerrilha. Caso os Estados Unidos não consigam fazer com
que a Colômbia combata o narcotráfico o próximo passo será ação
intervencionista.
Os atentados
de 11 de setembro de 2001 marcam uma nova etapa na qual se inicia uma nova
guerra contra o terror e se apagou a distinção entre guerra e paz. Trata-se de
um conflito assimétrico no qual o ator minoritário ameaça um ator
poderoso. As medidas norte-americanas
vão além da inteligência, da cooperação, das sanções e criam rejeição ao
terrorismo. Trata-se da redução de
liberdades em favor da segurança, ataques clandestinos contra supostos
terroristas que violam os direitos humanos. Outro caminho adotado contra o
terror é o europeu que busca a dissuasão, do diálogo e da melhoria das
condições de vida para que o terrorismo seja desnecessário.
A Colômbia no
pós 11 de setembro passou a ser referência de insegurança hemisférica. Na área externa as ações na Colômbia serão
dados em três fenômenos: combinação de guerra convencional e guerrilha como o
uso de gforça tecnológica; passagem de um plano antidroga para um plano
antiterrorista; e reavaliação do Tratado Interamericano de Assistencia
Reciprova (TIAR).
Quando se
reduz a negociação a tendência é aprofundar a guerra. Setores poderosos da
sociedade colombiana como os criadores de gado e os grandes narcotraficantes
não são favoráveis a conciliação.
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