segunda-feira, 25 de março de 2013


TOKATLIAN, Juan Gabriel.  Colômbia: mais insegurança humana, menos segurança regional. Contexto Internacional, v. 24, n.1, p. 129-166, jan./jul. 2002. Disponível em: . Acesso em: 28  set. 2007.

Resumo:

A região andina atravessa um momento de crise política que leva a instabilidade da região.  A região concentra o negócio das drogas, tem altos índices de corrupção, degradação ambiental, desemprego, baixa qualidade de vida e forte concentração de renda. Os militares têm forte influência na política.  A Comunidade Andina de Nações (CAN) está retraída e há um alinhamento maior com os Estrados Unidos. A tendência é o aumento nos conflitos sociais.
Pode-se analisar o problema da Colômbia sob dois aspectos: a partir do Estado e da própria guerra.  O colapso do Estado Colombiano dos anos 40 e 50 leva a emergir forças na década de 70 que se consolidam no início do Séc. XXI.  No Estado de colapso há implosão das estruturas de autoridade e legitimidade.  A Colômbia devido a fatores internos e externos caminha em direção ao colapso.  Embora a Colômbia não tenha um Estado anárquico (ausência de governo central) está se direcionando a ser um Estado fracassado.  O que existe na Colômbia são grupos clandestinos que podem conduzir uma nova autoridade. Nesse contexto, pode ocorrer é o fracasso do Estado de Direito em que não há alternativa para o estabelecimento da ordem.  A ampliação dos conflitos já existentes que alargaram a sua dimensão política e passaram a ter uma questão criminal e se alarga por todo país.  A guerra na Colômbia está ganhando dimensão internacional com o envolvimento dos Estados Unidos.  Os números da guerra são alarmantes e os não combatentes são os mais prejudicados.
Os fatores geopolíticos da Colômbia fazem com que a ajuda dos Estados Unidos seja crescente.  Por outro lado, países limítrofes criam planos contingenciais para atuação dos Estados Unidos.  O novo intervencionismo na Colômbia pode adotar três formas: intervenção por imposição; intervenção por deserção; e intervenção por convite.   Dessas formas as forças dirigidas pelos Estados Unidos buscam evitar uma implosão nacional.
O Componente A do Plano Colômbia é interno, visa a fortalecer o Estado.  O Plano B é ajuda dos Estados Unidos em recursos financeiros às forças armadas para que essas ocupem o espaço e equilibrem o poder da guerrilha, apesar disso a violência só cresce. O Plano C é o aporte europeu a paz que não foi respondido devido a visão européia de respeito aos direitos humanos e a paz dialogada.
O conflito armado na Colômbia tem uma dimensão internacional, enquanto os resultados são locais.  Para a solução faz-se necessário um novo “Acordo de Contadora” que conte com apoio diplomático da América do Sul e uma solução negociada.  Bill Cliton situou o problema colombiano como tendo efeito para segurança dos Estados Unidos, em sua viagem a Colômbia demonstrou a preferência pelo unilateralismo e busca criar um “Cordão sanitário” ao redor da Colômbia.   Os países reforçam suas fronteiras com a Colômbia com apoio norte-americano ou não. A intervenção norte-americana não está no horizonte imediato.
A administração Bush vê a situação da Colômbia em alerta.  Várias são as posições da alta cúpula do governo sobre a questão, mas todas elas são permeadas pela lógica da Guerra Fria, posições de direita e postura firme de primazia econômica, supremacia militar e unilateralidade dos Estados Unidos. O governo Bush em relação aos problemas da Colômbia busca cooptar os aliados dos Estados Unidos como Panamá, Equador e Bolívia, combater os ambíguos como o Peru e pressionar Brasil e Venezuela que são reticentes a estratégia norte-americana de combate ao narcotráfico e a insurgência, visando a criação de um circulo de contenção no entorno da Colômbia.
A política de Bush mescla o combate ao narcotráfico com terrorismo e guerrilha.  Caso os Estados Unidos não consigam fazer com que a Colômbia combata o narcotráfico o próximo passo será ação intervencionista.
Os atentados de 11 de setembro de 2001 marcam uma nova etapa na qual se inicia uma nova guerra contra o terror e se apagou a distinção entre guerra e paz. Trata-se de um conflito assimétrico no qual o ator minoritário ameaça um ator poderoso.  As medidas norte-americanas vão além da inteligência, da cooperação, das sanções e criam rejeição ao terrorismo.  Trata-se da redução de liberdades em favor da segurança, ataques clandestinos contra supostos terroristas que violam os direitos humanos. Outro caminho adotado contra o terror é o europeu que busca a dissuasão, do diálogo e da melhoria das condições de vida para que o terrorismo seja desnecessário.
A Colômbia no pós 11 de setembro passou a ser referência de insegurança hemisférica.  Na área externa as ações na Colômbia serão dados em três fenômenos: combinação de guerra convencional e guerrilha como o uso de gforça tecnológica; passagem de um plano antidroga para um plano antiterrorista; e reavaliação do Tratado Interamericano de Assistencia Reciprova (TIAR).
Quando se reduz a negociação a tendência é aprofundar a guerra. Setores poderosos da sociedade colombiana como os criadores de gado e os grandes narcotraficantes não são favoráveis a conciliação.


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